É uma realidade cada vez mais presente nas Olimpíadas: atletas imigrantes representando os Estados Unidos, um país onde muitas vezes não são bem-vindos. Este fenômeno revela os desafios e as contradições do debate migratório nos EUA, além de destacar a contribuição desses atletas para o esporte e a diversidade do país.
Uma equipe olímpica diversa
Dos 594 atletas classificados para a equipe olímpica norte-americana em Paris, 21 são imigrantes e 41 são filhos de imigrantes, de acordo com uma análise do Instituto de Pesquisa de Imigração da Universidade George Mason. Esses atletas chegaram aos EUA por diferentes caminhos: alguns foram especificamente para praticar esportes e depois se tornaram cidadãos, enquanto outros se juntaram à equipe após suas famílias terem pedido asilo no país.
Representando um país que nem sempre os aceita
Para muitos desses atletas, representar os EUA é um ato de contradição. Eles defendem as cores de um país que, em muitos casos, não os acolhe com braços abertos. “Algumas vezes, me sinto vulnerável ao preconceito por ser imigrante”, comenta a judoca Maria Laborde, que nasceu na Argentina.
Essa realidade reflete o debate migratório acirrado nos EUA, que se tornou uma das principais questões na corrida presidencial de 2024. Com o número recorde de pedidos de asilo e entrada de imigrantes ilegais durante o governo Biden, a imigração se destacou como uma preocupação central para 28% do eleitorado americano, de acordo com o Instituto Gallup.
Posicionamentos políticos divergentes
Os candidatos à presidência, Donald Trump e Kamala Harris, adotam posicionamentos diferentes sobre a questão migratória. Trump é declaradamente hostil ao fluxo imigratório, principalmente de países latino-americanos, enquanto Harris defende uma abordagem mais “controlada” e “legal” da imigração.
No entanto, o cientista social Danilo Porfírio aponta que, “na prática, o que parece, pela experiência dos dois governos [Trump e Biden], é que não existem muitas diferenças entre eles”. Ele cita, por exemplo, a política de regras para pedidos de asilo proposta por Biden, que se assemelha a medidas apresentadas durante o governo Trump.
Conclusão
Os atletas imigrantes que defendem as cores dos EUA nas Olimpíadas de Paris são um reflexo da complexidade do debate migratório no país. Eles representam a diversidade e o potencial desses indivíduos, mas também evidenciam os desafios e contradições que enfrentam. À medida que a corrida presidencial se acirra, a questão da imigração continuará a ser um tema central na agenda política americana.
