Quando o Banco Central precisa tomar medidas para manter a inflação sob controle, não há hesitação. O presidente Roberto Campos Neto deixa claro que, se for necessário, os juros serão elevados – afinal, a meta de inflação é a prioridade máxima da instituição.
Juros Subirão Quando Necessário
Durante um evento promovido pelo BTG Pactual em São Paulo, Campos Neto foi direto ao ponto: “Se precisar subir os juros, vamos subir os juros.” Essa declaração reflete a determinação do Banco Central em cumprir seu mandato de zelar pela estabilidade de preços, mesmo que isso signifique tomar medidas impopulares.
Ele explicou que as decisões sobre política monetária serão tomadas com base nas projeções econômicas, tanto nacionais quanto internacionais. O colegiado do banco, segundo Campos Neto, sempre perseguirá a meta de inflação – uma meta que, diga-se de passagem, tem sido cumprida com êxito nos últimos 12 meses, com a inflação em 4,5%.
Cautela Diante da Volatilidade Global
Apesar dos bons resultados domésticos, Campos Neto demonstra cautela em relação aos cenários globais. Ele reconhece que a economia brasileira tem apresentado sinais de força, com o PIB se aproximando de 3%, mas ressalta que é preciso ficar atento à volatilidade internacional e às incertezas nas relações entre Estados Unidos e China.
Afinal, como ele mesmo afirma, “a gente tem a eleição americana, a gente tem a China, tem um tema do protecionismo, tem um tema da fragmentação do comércio” – todos esses fatores têm impacto inflacionário no médio prazo. Portanto, o Banco Central manterá seu olhar atento aos movimentos globais ao definir suas futuras políticas monetárias.
Transição de Comando Suave
Ao fim de sua participação no evento, Campos Neto abordou a questão da transição de comando no Banco Central. Ele deixa claro que pretende “concentrar todas as forças para fazê-la de forma suave”, demonstrando preocupação com a continuidade das ações da instituição.
E vai além: ele espera que seu sucessor não seja julgado pela “cor da camisa que ele veste”, mas sim pelas “decisões técnicas que tomou”. Essa declaração reflete sua compreensão de que o Banco Central deve se manter acima de qualquer viés político, focado exclusivamente em seu papel de guardião da estabilidade econômica.
Conclusão
Ao deixar claro que os juros subirão se necessário, Roberto Campos Neto reafirma o compromisso do Banco Central com sua meta prioritária: a estabilidade de preços. Esse posicionamento firme, aliado à cautela diante dos cenários globais e à preocupação com uma transição suave, demonstra a liderança e a expertise da instituição em tempos de incerteza.
Key Takeaways:
- O Banco Central não hesitará em elevar os juros se isso for necessário para cumprir a meta de inflação, a prioridade máxima da instituição.
- Campos Neto reconhece os bons resultados domésticos, mas mantém cautela em relação à volatilidade global, com fatores como a eleição americana e as tensões entre EUA e China.
- A transição de comando no Banco Central é uma preocupação, e Campos Neto espera que seu sucessor seja julgado pelas decisões técnicas, não por vieses políticos.