Após a gravidez, aproximadamente 8 em cada 10 mulheres continuam enfrentando problemas de hipertensão, uma condição que requer atenção médica contínua. Esta persistência da hipertensão pós-parto é uma preocupação crescente entre os profissionais de saúde, pois pode aumentar o risco de complicações cardiovasculares no futuro.
Impactos Significativos da Hipertensão Pós-Parto
De acordo com um estudo recente publicado no JAMA Cardiology, 81,8% das mulheres avaliadas apresentaram hipertensão persistente após a alta hospitalar. Essas mulheres também demonstraram maior probabilidade de visitas ao pronto-socorro e até mesmo de reinternação.
A ginecologista e obstetra Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto, do Hospital Israelita Albert Einstein, enfatiza que a situação não se resolve apenas com o parto, e que as pacientes devem continuar recebendo acompanhamento médico e medicação anti-hipertensiva até uma melhora completa.
Entendendo a Hipertensão Gestacional
A hipertensão arterial pode afetar até 13% das mulheres grávidas e é a principal causa de mortalidade materna. Ela pode se manifestar de duas formas: a hipertensão arterial crônica, presente antes da gestação, ou a pré-eclâmpsia, que surge na segunda metade da gravidez.
A pré-eclâmpsia é acompanhada de proteinúria (perda de proteínas pela urina) e pode causar diversos outros sintomas, como inchaço generalizado, cefaleia, alterações visuais e até convulsões (eclâmpsia).
Diagnóstico e Tratamento
O acompanhamento pré-natal é fundamental para a detecção precoce da hipertensão gestacional. A pressão arterial é considerada alta na gravidez quando a pressão sistólica é igual ou superior a 140 mmHg e/ou a pressão diastólica é igual ou superior a 90 mmHg.
Nos casos de hipertensão ou pré-eclâmpsia grave, a paciente deve ser hospitalizada até o parto. No pós-parto, é essencial o tratamento com medicamentos anti-hipertensivos, além de um acompanhamento contínuo para evitar complicações futuras.
Prevenção e Cuidados
Algumas medidas podem ser adotadas para minimizar os riscos da hipertensão gestacional. Antes de engravidar, a mulher deve fazer uma avaliação clínica para detectar possíveis fatores de risco. Durante o pré-natal, ela deve fazer exames para classificar o risco de pré-eclâmpsia e, se necessário, fazer a prevenção com ácido acetilsalicílico e suplementação de cálcio.
Além disso, é importante monitorar constantemente a pressão arterial durante a gravidez e tratar a hipertensão caso seja diagnosticada. No pós-parto, o acompanhamento médico contínuo é fundamental para garantir a estabilização da pressão arterial e reduzir os riscos futuros.
Conclusão
A persistência da hipertensão pós-parto é uma realidade preocupante que requer atenção e cuidados específicos. Cabe aos profissionais de saúde e às próprias mulheres estarem atentos a essa condição, realizando o acompanhamento necessário e adotando medidas preventivas. Somente assim será possível minimizar os impactos a longo prazo e garantir uma melhor qualidade de vida para as mães após a gravidez.